Digestão

Saúde digestiva: como funciona e como tratar a má digestão

20 de dezembro de 2021 . por Vanderli Marchiori (CRN 3/3343)

Para a maioria das pessoas a saúde digestiva está ligada diretamente com o poder de comer qualquer tipo e volume de alimentos e bebidas e permanecer sem sinais de má digestão ou desconfortos, mas será que isto é possível?

Todos sabem que a capacidade do estômago é bem menor do que o volume normalmente consumido em refeições como almoço e jantar, mas, esquecem que o fato mais importante para que este volume caiba no estômago é uma boa mastigação. O que nos impede de mastigar adequadamente? Em geral é a ansiedade e/ou falta de tempo hábil para realizar as refeições. Quando não prestamos atenção no que estamos comendo, o mais comum é que a trituração correta dos alimentos não ocorra e isso é um dos fatores para “sobrecargas” na digestão.

Além disso, a escolha frequente de alimentos ricos em gorduras, como as frituras, associada ou não a presença de bebidas traz uma carga extra de trabalho para o fígado e, nem sempre este órgão importante está pronto para produzir e liberar as enzimas e sucos digestivos para garantir o processo de digestão em tempo adequado. Por estas e por outras razões é muito comum as famosas queixas de má digestão.

 

COMO FUNCIONA O PROCESSO DIGESTIVO?

O processo digestivo inicia na cavidade bucal com a saliva. As glândulas salivares são importantíssimas para sinalizar a presença de alimentos para que o estômago libere sucos digestivos. O segundo órgão é o estômago que trabalha em conjunto com o fígado e a vesícula biliar para garantir que os alimentos que não foram digeridos corretamente sejam quebrados pela ação de enzimas e sais biliares, além de outros sucos digestivos. Somente depois deste processo o bolo alimentar segue para o intestino delgado e, posteriormente, o grosso e assim se completa o processo digestivo.

Quando alguma fase deste processo não está acontecendo de forma adequada, podemos comprometer a absorção de nutrientes e, na prática clínica, é frequente observarmos a baixa absorção de vitamina B12 na presença de alguns medicamentos ou na ausência de suco digestivo suficiente no estômago.

 

O QUE UTILIZAR PARA DIMINUIR O DESCONFORTO CAUSADO PELA MÁ DIGESTÃO?

Uma das maiores queixas em períodos de festas e férias estão associadas ao alto consumo de petiscos e acompanhamentos. Na grande maioria das vezes, é possível diminuir o desconforto causado pela má digestão com a utilização de medicamentos fitoterápicos compostos por plantas que possuem propriedades digestivas reconhecidas, como compostos de boldo e alcachofra, que apresentam propriedades coleréticas e colagogas que ajudam na digestão.

Mas, se o que pesou foi o volume de comida e a sensação é de empanturramento…. é possível a utilização de plantas como a camomila e também a quina amarela.

Em geral, essa sensação de peso após consumo excessivo de alimentos é seguida de lentificação na evacuação e, para auxiliar a diminuir esse sintoma outras plantas podem ser bastante eficazes. Cada vez que o intestino fica lento e as fezes paradas por mais tempo é inevitável a formação de gases e ressecamento do bolo fecal. A formação de gases pode ser reduzida com o uso de óleos de cravo e canela. A presença dos fitoquímicos dessas plantas pode ajudar a inibir a formação das moléculas de gases na parede intestinal.

Em casos mais crônicos a prisão de ventre pode ser tratada com consumo adequado de fibras solúveis, hidratação caprichada e até mesmo usando suplementos a base de lactulose, que podem ajudar no funcionamento do intestino.

O equilíbrio da digestão e a garantia de melhor velocidade e processo de absorção de nutrientes depende de nossa saúde digestiva. Vários fatores devem ser observados e sempre que necessário corrigidos com o auxílio de um profissional de saúde habilitado, pois a integridade de todo o trato digestivo depende de alimentação adequada associada a hidratação, atividade física e também gerenciamento de estresse. Quando um destes fatores está em desequilíbrio o uso de suplementos e plantas medicinais pode ser uma opção de tratamento complementar.

 

Referências:

  1. Jesika Rane et al., Liver Diseases and Herbal drugs – Review, JIPBS, Vol 3 (2), 24-36, 2016. Srivastava JK, Shankar E, Gupta S. Chamomile: A herbal medicine of the past with bright future. Mol Med Rep. 2010;3(6):895-901. doi:10.3892/mmr.2010.377

 

Escrito por

Vanderli Marchiori (CRN 3/3343)

Nutricionista, formada pela Faculdadea São Camilo e Fitoterapeuta pelo Manchester Institute. - Idealizadora do CEFITOS Centro de Estudos em Fitoterapia e Saúde - Membro da Associação Brasileira de Fitoterapia e da Associação Argentina de Fitomedicina - Fundadora da Associação Paulista de Fitoterapia - Fundadora e Conselheira da Associação Brasileira de Nutrição Esportiva - Colaboradora Técnica do Conselho Federal e Regional de Nutricionistas e da Associação Paulista de Nutrição - Fitoterapeuta pelo Medicina Natural Alternativa no Manchester Institute of Medicine - Instrutora Oficial de Mindfulness Based Eating - Professora Convidada de Hospitais e de várias Universidades Publicas e Privadas nos Cursos de Graduação e Pós Graduação em Nutrição e Medicina - Fundadora da Sociedade Brasileira de Nutrição Esportiva e Associação Paulista de Fitoterapia

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