Prisão de ventre (constipação intestinal): o que é e como tratar
10 de dezembro de 2021 . por Vanderli Marchiori (CRN 3/3343)
Como é incômodo um intestino preguiçoso e que apresenta grandes dificuldades de se expressar, não é mesmo? Mas qual é a grande diferença entre um intestino mais lento e a prisão de ventre?
Como é incômodo um intestino preguiçoso e que apresenta grandes dificuldades de se expressar, não é mesmo? Mas qual é a grande diferença entre um intestino mais lento e a prisão de ventre?
Intestino “lento” e constipação intestinal: Qual a diferença?
O intestino lento é aquele padrão de evacuação que a pessoa consegue evacuar mas com dificuldades em relação a volume e consistência das fezes, que em geral apresentam-se volumosas e sem padrão de formatos ou consistência, sendo ressecadas em alguns momentos e desfeitas em outros.
Já a prisão de ventre ou constipação intestinal é um sintoma caracterizado pela constante e persistente dificuldade em evacuar. Em geral baseia-se na autoavaliação com a presença de um ou mais dos seguintes sintomas: fezes endurecidas, evacuações raras, esforço excessivo para evacuar, sensação de evacuação incompleta, tempo excessivo ou insucesso para evacuar.
Embora a média seja evacuar uma vez ao dia, pode ser considerado normal entre três vezes por semana e três vezes ao dia (GOODMAN, 2005). A constipação intestinal é um sintoma mais frequente em idosos e crianças e com causas diversas, e quando persiste deve ser avaliada por médico especialista em gastrenterologia.
Possíveis causas da constipação intestinal
As causas mais frequentes são: dieta pobre em fibras, hidratação inadequada, sedentarismo, efeito colateral de medicamentos ou até mesmo presença de alterações no trânsito intestinal, de ordem funcional ou anatômica.
Há relatos de casos com mais de 20 dias de intervalo entre evacuações e este tipo de fato deve ser investigado por médico e tratado de maneira interdisciplinar com nutricionista, educador físico e também psicólogo, pois o fator emocional para muitas pessoas é o determinante no sucesso do paciente.
Como reduzir o quadro de constipação intestinal?
Ajustar a pratica de atividade física regular e garantir o consumo diário de pelo menos um litro e meio de água já compõe a base do tratamento. A hidratação correta garante líquido suficiente também para as fibras consumidas, pois uma alimentação rica em fibras, mas sem água pode ser uma causa de piora do quadro de constipação. Devemos deixar claro que é impossível tratar sem considerar a adequação alimentar com foco no consumo de alimentos fontes de fibras.
A fibra dietética é composta por substâncias resistentes à digestão por enzimas e por isso passam por todo o nosso trânsito intestinal dando volume, corpo e velocidade ao bolo fecal. Os alimentos mais recomendados são cereais integrais, farelo, vegetais, folhas verdes e frutas pois são excelentes fontes de fibras. Elas podem ser classificadas quanto a sua solubilidade em água em fibras solúveis e insolúveis.
A fibra dietética pode atuar como laxante por meio de vários mecanismos, tais como: amolecendo e aumentando a massa fecal na luz intestinal e assim contribuindo para a ação laxante (GOODMAN, 2005) mesmo quando a causa da prisão de ventre for medicamentosa.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) indica o consumo mínimo de 28 gramas de fibras variadas ao longo do dia, mas sabemos que os brasileiros, de forma geral, consomem menos da metade do sugerido. Seja por falta de acesso ou por falta de hábito.
Como garantir mais fibras na alimentação?
No café da manhã e lanches intermediários é possível incluir frutas fáceis de serem transportadas e também bem aceitas por seu paladar, como laranja e banana. Combinar estas ou outras frutas com granola ou aveia em flocos garante um volume ainda maior de fibras solúveis e somente desta maneira já podemos ter mais 4 a 7 gramas de fibra dietética garantidas.
Nas refeições maiores, como almoço e jantar, consumir metade do prato em vegetais crus será um bom diferencial. Mas para aqueles que ainda não conseguem manter este comportamento frequente usar suplementos com misturas de fibras solúveis, como inulina, polidextrose ou betaglucanas é uma solução.
Suplementos de fibras podem ser interessantes para o ajuste de consumo para algumas pessoas e esta recomendação deve ser feita após analise de consumo dietético e ajustes de consumo alimentar.
A grande notícia é que constipação intestinal pode ter solução e é mais simples do que pode parecer para quem sofre há anos com sintomas incômodos e irritantes. Aumente fibras, beba água e movimente-se.
Tabela 1. Constipação Funcional Crônica em Adultos pelos Critérios de Roma lll
Tabela 2 – Alimentos Ricos em Fibras
Referências
1.GOLDMAN, Lee; AUSIELO,Dennis. (Ed.). Cecil tratado de medicina interna [tradução de Ana / Kemper at al] 22 ed._ Rio de Janeiro :Elsevier, 2005. 2. VITOLO, Márcia. R. et al. Fatores associados ao risco de consumo insuficiente de fibra alimentar entre adolescentes. J. Pediatr. (Rio J.), Porto Alegre, v. 83, n.1, fev., 2007. WANNMACHER, Lenita. Constipação intestinal crônica no adulto e na criança: quando não se precisa de medicamentos. Issn, Brasília, v.3, n.1, dez., 2005. 3. ZEITUNE, José Murilo Robilotta. Constipação intestinal no idoso. RBM. Ver. Méd.;47(n. esp.): 15-6, 18,20, passim, dez., 1990. Disponível em https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/healthy-diet