Provavelmente você já ouviu inúmeras informações a respeito do leite de vaca, não é mesmo? “Será que o leite de vaca faz bem?”, “Porque somos os únicos mamíferos que tomamos leite mesmo após crescer?” ou então “leite é inflamatório?”. Fique com a gente até o final desse conteúdo para saber as respostas dessas e outras perguntas. 

Abaixo separamos as principais perguntas publicadas em um Consenso da Associação Brasileira de Nutrologia e da Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição sobre o consumo de leite de vaca pelo ser humano. Confira abaixo:

1) Levando em consideração que somos os únicos mamíferos que bebem leite após o desmame, podemos dizer que o leite de vaca é próprio para o consumo humano? 

Sim. O leite de vaca não apenas é próprio para o consumo humano, como também se configura em fonte relevante de proteínas, vitaminas e, especialmente, como o principal alimento-fonte de cálcio. (Referência: Consenso da Associação Brasileira de Nutrologia e da Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição sobre o consumo de leite de vaca pelo ser humano, 2023)

2) Quais são os tipos de leite de vaca disponíveis?  

Os principais podem ser diferenciados pelo teor de gordura presente (integral, semidesnatado e desnatado), adição/exclusão de nutrientes específicos ou tratamento térmico empregado em sua fabricação (pasteurizados e ultrapasteurizados – UHT) (Referência: Consenso da Associação Brasileira de Nutrologia e da Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição sobre o consumo de leite de vaca pelo ser humano, 2023)

3) O consumo do leite de vaca UHT é seguro? 

Sim. O leite UHT passa por um processo altamente seguro e validado desde meados do século 20. O tratamento térmico seguido de resfriamento e envase em embalagens assépticas (“longa vida”) garantem uma validade mais longa do alimento, sem a necessidade de refrigeração antes do produto ser aberto, além da manutenção da qualidade do leite e de sua segurança microbiológica. (Referência: Consenso da Associação Brasileira de Nutrologia e da Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição sobre o consumo de leite de vaca pelo ser humano, 2023)

 4) Qual a relação entre leite de vaca e inflamação? 

Não existem até o momento evidências científicas de que o leite ou seus derivados sejam alimentos “inflamatórios”. Diversos trabalhos indicam que a ingestão de laticínios pode melhorar biomarcadores inflamatórios em adultos e explicam mecanismos de ação que podem estar associados a esse benefício. 

O consumo de leite está associado a processos inflamatórios apenas em pessoas diagnosticadas com Alergia à Proteína do Leite de Vaca (APLV) e, neste caso, o consumo de qualquer quantidade de leite, derivados e qualquer produto que contenha leite na sua composição deve ser excluído.  (Referência: Consenso da Associação Brasileira de Nutrologia e da Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição sobre o consumo de leite de vaca pelo ser humano, 2023)

5) Quando e para qual público devo orientar o consumo de leite de vaca? 

O consumo de leite é importante em todas as fases do curso da vida, na infância, na adolescência, na gestação e para adultos e idosos, em função da sua qualidade nutricional. Leite e laticínios são recomendados em diferentes diretrizes internacionais e guias alimentares nacionais e internacionais, e a inclusão do alimento na rotina alimentar dos brasileiros, quando não houver contra indicação, deve ser encorajada pelos profissionais de saúde.  (Referência: Consenso da Associação Brasileira de Nutrologia e da Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição sobre o consumo de leite de vaca pelo ser humano, 2023)

6) O consumo do leite de vaca está associado a maior risco de desenvolvimento de intolerância à lactose? Pacientes diagnosticados com essa condição devem excluir totalmente o leite do seu dia a dia? 

Não. O consumo do leite de vaca não está associado a maior risco de desenvolvimento de intolerância à lactose. O que existe é uma relação inversa: quanto maior o consumo de leite menor o risco de desenvolvimento de intolerância à lactose. A exclusão do leite por autopercepção de intolerância que na maioria das vezes não é confirmada por diagnóstico clínico se constitui, sem dúvida, em prejuízo nutricional. 

Além disso, mesmo para pacientes diagnosticados com intolerância a lactose, geralmente 12 g de lactose pode ser aceito pelo organismo sem sintomas. Lembrando que é variável de pessoa para pessoa. (Referência: Consenso da Associação Brasileira de Nutrologia e da Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição sobre o consumo de leite de vaca pelo ser humano, 2023)

Com o objetivo de manter uma dieta adequada do ponto de vista nutricional, a utilização da enzima lactase sintética é segura e pode ser eficaz na digestão da lactose, minimizando os desconfortos causados em pessoas com intolerância. (Referência:  Uso da enzima lactase sintética e consumo de leite e derivados entre intolerantes à lactose)

Thalyta Souza

Nutricionista CRN 108301