Nutrição

Melatonina: o que é e para que serve

20 de outubro de 2021 . por Catarinense Pharma

Provavelmente você já deve ter ouvido falar sobre melatonina, mas você sabe o que é, qual sua função no organismo humano e como nossos hábitos cotidianos podem influenciar esse neuro-hormônio?

O que é a melatonina?

A melatonina (N-acetil-5-metoxitriptamina) é um neuro-hormônio, produzido e liberado pela glândula pineal. Essa glândula é conhecida também como “terceiro olho”, por ser localizada na parte central do cérebro, entre as sobrancelhas e também por sua sensibilidade a luz.

Esse hormônio desempenha uma importante ação sobre o controle do ritmo circadiano, porém, atualmente, sabe-se que além dessa função, a melatonina pode atuar em diversos outros pontos considerados importantes da regulação fisiológica do organismo encontrados na literatura científica.

A secreção da melatonina pela glândula pineal ocorre durante a noite, iniciando, predominantemente, duas horas antes do horário habitual de dormir e o pico plasmático é encontrado entre 3 e 4 horas da madrugada, para indivíduos com cronotipo (sincronização dos ritmos circadianos) normal. Tanto a síntese quanto a liberação da melatonina é máxima durante o período escuro do dia e apresenta uma correlação positiva com a duração do mesmo, sendo assim, noites mais longas são associadas a uma maior duração da secreção de melatonina.

Uma curiosidade é que a melatonina apresenta uma variação circanual, onde os picos noturnos maiores são encontrados mais no inverno do que no verão.

Qual a relação entre melatonina e o triptofano?

O triptofano é um aminoácido essencial, ou seja, não é sintetizado pelo organismo e precisa ser obtido a partir da dieta.

Esse aminoácido essencial é substrato (base) para a produção de diversas moléculas neuroativas com atividades biológicas, como a serotonina e a melatonina, por exemplo. Sendo assim, podemos dizer que após a entrada nas células da glândula pineal, o L-triptofano sofre várias reações até dar origem a melatonina.

Por também ser precursor do neurotransmissor serotonina, a literatura científica aponta o triptofano plenamente associado a sensação de bem estar. Além disso, parte do triptofano que é ingerido a partir da alimentação serve também como fonte para a síntese de melanina e como substrato para a síntese proteica.

Fatores que podem influenciar na diminuição da melatonina no organismo

Não podemos esquecer de mencionar que os valores de melatonina no organismo diminuem com a idade por várias razões, desde fatores fisiológicos até o uso de medicamentos bloqueadores beta-adrenérgicos, por exemplo.

Outro fator bastante comum, especialmente nos dias atuais, é a exposição prolongada a luz, mesmo que artificial, que acaba inibindo a produção da melatonina no organismo, isso inclui as telas de celular e televisão, por exemplo.

Pessoas que trabalham no período noturno e precisam descansar durante o dia fazem com que o hormônio melatonina sofra uma desregulação em sua produção. Isso acontece devido a exposição a luz durante a noite, onde o organismo destes trabalhadores diariamente secreta menos melatonina, que participa do controle dos ritmos biológicos.

Também podemos citar o jet-lag, que afeta significativamente indivíduos que viajam rapidamente em vários fusos horários. Isso ocorre quando o relógio biológico do corpo está fora de sincronia com os sinais de um novo fuso horário.

Cinco cuidados para auxiliar em uma boa noite de sono

  1. Tenha uma rotina de preparação antes de dormir, com um banho quente e roupas confortáveis;
  2. Verifique a temperatura do quarto/ambiente, luminosidade e possíveis ruídos;
  3. Evite assistir televisão, mexer no celular ou ler por um tempo prolongado (muitas vezes “esperando” o sono);
  4. Evite o consumo de bebidas alcoólicas próximo ao horário de ir para a cama;
  5. Evite o consumo de alimentos ricos em açúcar, sal e/ou gordurosos.

Quando a suplementação deve ser considerada?

A suplementação de melatonina deve ser considerada após a avaliação e orientação de um profissional de saúde habilitado de acordo com as necessidades do indivíduo e com idade igual ou superior a 19 anos. Não deve ser consumida por gestantes, lactantes, crianças e pessoas envolvidas em atividades que requerem atenção constante. Pessoas com enfermidades e/ou sob o uso de medicamentos, devem consultar um médico.

Os suplementos alimentares de melatonina podem ser encontrados em diversas apresentações como em comprimidos orodispersíveis, que são formas farmacêuticas sólidas que se desintegram na boca em poucos segundos, sem necessidade de administração de água e também na forma líquida, sendo ideais para indivíduos que possuem dificuldade para deglutir cápsulas e comprimidos.

Caso necessário, qual o melhor horário para suplementar?

O melhor horário para fazer o consumo é durante a noite, especialmente entre uma a duas horas antes de repousar. E lembre-se: após o consumo, faça a sua higiene do sono, não navegue na internet ou assista televisão, por exemplo.

A melatonina possui efeitos colaterais?

Estudos mostram que a melatonina é uma substância de baixa toxicidade e de uso seguro principalmente se comparada a diversos fármacos de uso comum. Mas em casos onde o consumo exógeno da melatonina é feito de forma desnecessária ou quando se consome um produto sem garantia sanitária que não comprove sua eficácia e segurança, podem ser descritos efeitos colaterais leves e transitórios, como irritabilidade, cefaleia, desconforto abdominal, dificuldade de concentração, entre outros.

Como escolher sua marca de suplemento de melatonina

 Para fazer a escolha da marca você deve considerar um produto de um fabricante que lhe transmita confiança desde o método de fabricação, que faça adequadamente o processo de regularização sanitária do produto e uma comercialização ética. Fique atento a composição e concentração do produto, além disso, você deve avaliar se a forma farmacêutica do produto é fácil para você deglutir sem desconfortos.

 

Referências

1.Jornal da USP. Consequências da pandemia agravam quadro da insônia no Brasil. 2020.
2.Sociedade Brasileira do Sono.
3.l Consenso Brasileiro de Insônia. Hypnos Revista de Sono. 2003.
4.Vainer, AM. Rocha, VS. Juvenale, M. Melatonina e Sistema Imune: uma relação de duas vias regulatórias. Brazilian Journal of Health Review, v.4, n.1, p 2906-2929, 2021.
5. Carvalho, MS. Mas, CD. Nunes, DFS. Yonamine, CM. Hayashi, MAF. Metabolismo do triptofano em transtornos mentais: um enfoque na esquizofrenia. Vittalle – Revista de Ciências da Saúde 29 n. 2, p. 44-56, 2017.
6.Vieira, RB. Dantas, AA. Cayana, EG. Suplementação da Melatonina como Alternativa Terapêutica para Insônia. ll CONBRAS – Congresso Brasileiro de Ciências da Saúde. 2017.
7. Botas, FMC. Instituto Superior de Ciências da Saúde Egas Moniz. O papel da melatonina. 2014.
8. Bruin, VMS. Importância da melatonina na regulação do sono e do ritmo circadiano – Uma abordagem clínica. Departamento de Medicina Clínica – UFC. Acesso em 13 de outubro de 2021.
9. ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Análise de informações sobre segurança e eficácia de melatonina. 2020.

Eduardo Oliveira – Farmacêutico

Thalyta Souza – Nutricionista

 

Escrito por

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