Por mais que seja desconfortável, é uma característica fisiológica e natural que as pessoas produzam gases regularmente e, quando em excesso, precisam sim ser eliminados. Mas, você sabe exatamente como surgem os gases e como auxiliar na sua diminuição quando produzidos frequentemente em excesso? Neste conteúdo vamos explorar esses pontos e muito mais. Vamos conferir juntos?

O que são os gases?

Do ponto de vista químico, os gases do sistema gastrointestinal são majoritariamente compostos por cinco elementos: Dióxido de carbono (CO2), Hidrogênio (H2), Nitrogênio (N2), Oxigênio (O2) e Metano (CH4).

Uma das perguntas mais comuns é o porquê da maioria dos gases terem mau cheiro. Na verdade, ao contrário que se imagina, a maioria das substâncias que compõe os gases são inodoras. O que normalmente causa o mau cheiro são pequenas frações compostas principalmente por enxofre, sendo o principal o ácido sulfídrico (sulfeto de hidrogênio). Ou seja, quando não há aumento da produção de gases com enxofre, os gases podem não ter um cheiro incômodo.

Quais são as possíveis causas dos gases?

Segundo a Sociedade Brasileira de Motilidade Digestiva e Neurogastroentereologia, os gases em excesso podem ter diversas causas, como a aerofagia, que é a ingestão de ar em quantidade anormal geralmente decorrente da ingestão apressada de alimentos.

Os gases em excesso também podem estar relacionados a um problema de saúde subjacente/oculto, como por exemplo a disbiose. A disbiose ocorre quando microrganismos nocivos estão presentes em maior quantidade em nossa microbiota intestinal (antes chamada de flora) do que o habitual, ou seja, há mais bactérias “ruins” do que “boas” em nosso intestino.

Algumas pessoas também sofrem com a síndrome do intestino irritável, que é um distúrbio do trato digestivo com sintomas que podem variar, mas geralmente incluem dor abdominal inferior, constipação ou diarreia e gases.

Há ainda grupos de alimentos que são mais fermentáveis que outros e podem desenvolver flatulência excessiva, como é o caso do feijão, da lentilha, repolho, brócolis, da lactose, entre outros.

Qual a relação entre gases e má digestão?

Ainda falando sobre problemas que afetam o sistema digestivo: os gases e a má digestão possuem uma correlação.  A má digestão pode ser caracterizada por um desconforto abdominal que surge após o consumo de determinados alimentos que não conseguem ser metabolizados de forma correta.

Dentre as consequências de uma digestão inadequada, pode estar a formação de gases. Por exemplo, refeições ricas em carnes e gorduras são mais difíceis de digerir e tendem a causar sintomas como a sensação de “peso no estômago” (plenitude gástrica), dores abdominais, inchaço e também a formação de gases.

É importante lembrar que a má digestão, pode surgir por múltiplos fatores. Produção inadequada de suco gástrico, alto volume de alimento ingerido e a velocidade do consumo são algumas das principais causas.

Como surgem os gases?

Os gases se acumulam no estômago (gases estomacais) e são eliminados através da eructação ou também conhecido popularmente como “arroto”. Mas, e quando isso não acontece? Neste caso, os gases são transportados até o intestino delgado onde são parcialmente absorvidos, o restante se dirige ao intestino grosso sendo eliminado pelo ânus.

Agora, quando há o acúmulo de gases nas alças intestinais acontece a distensão abdominal, conhecido por “meteorismo” e quando esses gases trazem desconforto ou dor abdominal e excessiva eliminação pelo ânus é chamado de flatulência.

Confira 7 dicas para auxiliar a diminuir os gases

• Evite a aerofagia, faça as refeições em um ambiente tranquilo, com calma e mastigue bem os alimentos antes de engolir;
• Priorize uma alimentação equilibrada, não exagere em alimentos ricos em gorduras;
• Deixe o feijão, grão de bico e lentilha de molho durante a noite ou renove a água a cada 3 horas;
• Se você é intolerante a lactose evite leite e derivados ou utilize a enzima lactase sem exageros;
• Probióticos podem auxiliar, pois são bactérias boas capazes de minimizar a fermentação de carboidratos;
• Pratique atividade física regularmente para auxiliar na eliminação de gases;
• Medicamentos fitoterápicos de origem vegetal, como óleos essenciais de cravo e canela, podem agir localmente de maneira eficaz na eliminação dos gases em casos de problemas digestivos;
• Beba água ao longo do dia, isso pode auxiliar no controle de gases. Mas calma, evite líquidos junto a refeições maiores (como almoço e jantar, por exemplo) para que o organismo faça uma correta digestão e absorção dos nutrientes, diminuindo a produção de gases.

Caso necessário, busque orientação de um profissional de saúde habilitado para uma avaliação individual de acordo com os seus sintomas, pois algumas pessoas são mais sintomáticas e a solicitação de exames específicos poderá auxiliar a descobrir a origem do seu problema.

Referências:

1. Sociedade Brasileira de Motilidade Digestiva e Neurogastroentereologia. Gases intestinais. 2019. 2. Barúa, RL. Flatulencia. Rev. Gastroenterol, v.22, n.3, 2002. 3. Nago, AN. Ochoa, MV. Eructos, meteorismo y flatulencia. Acesso em 29/04/2021.

Autores:

• Thalyta Souza – Nutricionista
• Eduardo Oliveira – Farmacêutico