Cólicas menstruais: o que são e como tratá-las
4 de maio de 2021 . por Eduardo Oliveira (CRF-PR 22358)
As cólicas abdominais são muito frequentes, afinal, escutamos quase que diariamente alguma queixa, principalmente vindo do público feminino, onde a causa geralmente se deve ao período menstrual. Uma pesquisa realizada com 822 brasileiras relata que, cerca de 92% das mulheres sofrem com cólicas, sejam estes incômodos leves, moderados ou intensos.
A cólica menstrual é um distúrbio ginecológico também chamado de dismenorreia ou síndrome de dor menstrual. Dismenorreia é uma palavra de origem grega que significa menstruação difícil e corresponde a um distúrbio ginecológico que provoca dor crônica, espasmódica, em forma de cólica, localizada no baixo ventre, durante o período menstrual. Outros sintomas podem estar associados, como náuseas, vômitos, diarreia, cefaleia, mastalgia (dor nas mamas), sudorese, dor na região lombossacra e membros inferiores, podendo levar ao aparecimento de situações de fadiga, nervosismo, vertigem e até desmaio.
A dismenorreia classifica-se em primária e secundária. Sua forma primária (intrínseca ou idiopática) ocorre na ausência de doença pélvica detectável e cursa com uma dor cíclica associada aos ciclos ovulatórios, sem que exista uma causa orgânica visível e objetiva. A secundária (extrínseca ou adquirida) é decorrente de uma anomalia pélvica visível ou diagnosticável.
Os incômodos causados pelas cólicas abdominais podem comprometer a qualidade de vida, pois pode afetar o rendimento nos estudos, trabalho e prejudicar as horas de lazer e relaxamento, que também são importantes.
A cólica menstrual é uma dor abdominal localizada geralmente no baixo abdômen ou abdômen inferior, tendo início alguns dias antes ou durante o período, sendo acompanhada, muitas vezes, por diarreia ou constipação, dores de cabeça, acne, alterações no humor, insônia e alterações no comportamento alimentar, onde a severidade se dá pela duração do fluxo menstrual.
Essa cólica, chamada de cólica menstrual primária, acontece por conta dos níveis elevados de prostaglandinas, que são substâncias químicas produzidas pelo organismo, causando a contração do útero e fazem com que as extremidades nervosas fiquem mais sensíveis a dor.
O que é interessante priorizar na alimentação?
Para o alívio dos sintomas durante este período algumas estratégias na alimentação podem ser adotadas, como por exemplo:
- Prefira alimentos ricos em fibras, como nozes, frutas e cereais integrais;
- Alimentos que contém triptofano, como feijão, ervilha, carnes, peixes, ovos;
- Neste período evite o consumo de refrigerantes, café, bebidas com grande concentração de cafeína, que acaba estimulando os movimentos peristálticos e pode piorar o quadro de cólica;
- Evite o consumo de álcool;
- A ingestão adequada de vitamina B6, cálcio, magnésio e ômega-3 pode ser relevante para auxiliar durante este período (Cassimiro, FL. Aspectos nutricionais e metabólicos da tensão pré-menstrual. 2018)
Estratégias para auxiliar no alívio das dores abdominais
- Pratique exercícios físicos de intensidade moderada;
- Coloque uma bolsa de água quente sobre a região abdominal;
- Não esqueça de consumir água frequentemente.
Tratamento Medicamentoso
É muito importante o acompanhamento de um profissional de saúde habilitado, pois uma abordagem terapêutica apropriada deve considerar o manejo durante a crise e, também, nos intervalos das crises. O manejo das crises possui uma conotação paliativa e de emergência na qual se preconiza repouso, analgesia, antiespasmódicos, calor local e até ansiolíticos em casos designados. A terapia fora das crises propõe-se à cura da paciente, sendo profilático na dismenorreia primária por meio do uso de anti-inflamatórios e de anticoncepcionais orais (ACO), e terapêuticos nos casos orgânicos, sendo conduzido à patologia de base.
Medicamentos fitoterápicos também são uma estratégia para auxiliar no alívio das cólicas abdominais. De acordo com a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), medicamento fitoterápico é quando uma planta medicinal é industrializada para se obter um medicamento, que passa por processos a fim de evitar contaminações por microorganismos e/ou substâncias estranhas, além de padronizar a quantidade e a forma que deve ser utilizado, permitindo uma maior segurança de uso. A orientação de um profissional de saúde habilitado se faz importante para uma conduta individualizada.
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